Por que isto é importante
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Somos cristãos e cristãs e igualmente gentes de todos os credos e caminhadas, de todos os gêneros, raças, cores, cheiros, brasileiros até o fundo d’alma, mesmo que alguns e algumas de nós não tenhamos nascido nesta terra‐caldeirão.
Reunimo‐nos neste texto para proclamar: estamos ao lado do Papa Francisco, por uma Igreja em saída, por um mundo que promova a cultura do encontro e não a rotina do descarte, por uma humanidade que acolha os mais pobres, frágeis, os sem teto, sem terra, sem comida, sem nada, em vez de tratá‐los como lixo.
Escrevemos para apoiar o Papa no contexto da crise político‐econômica do Brasil, dominado por um governo dos ricos, nascido de um golpe de Estado, com um projeto de destruição dos direitos trabalhistas, previdenciários e outros, com ataques seguidos aos pobres do campo e das cidades, especialmente aos mais vulneráveis, crianças, velhos e velhas, indígenas, mulheres, negros e negras, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.
Sentimo‐nos convocados e convocadas por Francisco para estar com os pequenos e pequenas do Mestre.
Levantamo‐nos, ao lado do Papa, contra a intenção manifesta de um fechamento eclesial que pretende transformar a primavera florescente de hoje no retorno à longa noite invernal. As posições assumidas por quatro cardeais restauracionistas e seus seguidores, que acusaram o Papa numa carta pública de “causar confusão doutrinal em relação a assuntos‐chave da doutrina católica” são a expressão de uma visão de Igreja que atenda a projetos de poder, dominação e controle sobre as pessoas.
Insurgem‐se os quatro cardeais e seus simpatizantes contra a Exortação Apostólica Pós‐Sinodal “Sobre o Amor na Família” (Amoris Laetitia), especialmente contra o direito de divorciados e divorciadas em segunda união partilharem da Comunhão Eucarística, baseados em falsos pressupostos de fundo moral e teológico que não encontram sustentação no melhor da tradição da Igreja. O Papa, no seguimento das pegadas do Manso e Humilde, vê diversidade e ocasião de acolhimento onde os olhos da censura enxergam apenas diferença e motivos de separação e exclusão.
Aos poucos, depois de anos de congelamento, a Igreja no Brasil retoma sua caminhada pastoral, profética e popular. Queremos muito mais. Não negamos o direito de livre expressão de pensamento de quem quer que seja. Afirmamos com desassombro, entretanto, que o explícito ou implícito apoio de segmentos da hierarquia a esses cardeais é um ataque à eclesiologia do Papa e do Vaticano II, que definiu a Igreja como Povo de Deus em movimento, muito além dos limites clericais. Não é mera coincidência o fato de os membros da Igreja que sustentam os cardeais rebelados sejam também aderidos ao golpe de Estado no Brasil e aos ataques aos direitos dos mais pobres.
Ao apoiar o Papa Francisco, deixamos explícitos alguns posicionamento que, entendemos, fazem dos cristãos e cristãs em todo o planeta uma Igreja em saída.
Defendemos:
- a inclusão universal de todos os cristãos e cristãs à cidadania na comunidade eclesial mediante os sacramentos;
- o sacerdócio ministerial celibatário opcional;
- a criação de um organismo consultivo especial de mulheres ligadas ao Colégio de Cardeais para oportunizar mais espaço para a liderança feminina na Igreja;
- o fechamento dos seminários maiores e retorno às casas de formação presbiteral;
- a nomeação de bispos “com cheiro das ovelhas”, na expressão do Papa, sem interferência da Nunciatura Apostólica;
- o estímulo e apoio da CNBB às Comunidades Eclesiais de Base (as CEB’s);
- a convergência da Igreja com os movimentos sociais, no espírito dos três Encontros Mundiais dos Movimentos Populares convocados pelo Papa.
Como “Igreja – Povo de Deus – em Movimento” (IPDM), abaixo assinamos.
‐ Igreja Povo de Deus em Movimento (IPDM);
‐ Conselho Indigenista Missionário (CIMI);
‐ Comissão Pastoral da Terra (CPT);
‐ Serviço Inter Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (SINFRAJUPE);
‐ Rede Ecumênica da Juventude (REJU)
‐ Centro de Capacitação das Juventudes (CCJ);
‐ Nós Somos a Igreja – São Paulo;
‐ Pastoral Fé e Política São Paulo;
Pessoas
‐ Pe. Paulo Sérgio Bezerra, articulador IPDM.
‐ Pe. Ticão, articulador IPDM.
‐ Eduardo Brasileiro, articulador IPDM.
‐ Frei Betto, frade dominicano e escritor.
‐ Marcelo Barros, teólogo. ‐ Mauro Lopes, jornalista e escritor.
‐ Moema Miranda, antropóloga IBASE.
‐ Flavio Irala, bispo anglicano, presidente do CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante)
‐ Chico Whitaker,
‐ Stella Whitaker.
‐ Ermínia Maricato, professora USP.
‐ Frei José Fernandes, OP, vice coordenador da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil.
‐ Thiesco Crisóstomo, militante da Pastoral da Juventude e liderança das Cebs na Diocese de Marabá.
‐ Aline Ogliari, secretária nacional da Pastoral da Juventude.
‐ João Paulo Medeiros, Assessor Comissão Pastoral da Terra (CPT).
‐ Rosemary Fernandes da Costa, educadora e teóloga.
‐ Franklin Félix, educador popular e Espíritas Pelos Direitos Humanos.
‐ Andreia Alves, educadora popular Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto.
‐ Igor Bastos, Juventude Franciscana (JUFRA) e Movimento Católico Global Pelo Clima. ‐ Monica Lopes, Pastoral Fé e Política.
‐ Benedito Prezia, Pastoral Indigenista.
‐ Pe. Antônio Ferreira Naves, Comissão Pastoral da Terra São Paulo.
‐ Pe. Júlio Lancelotti, vigário do povo da rua Arquidiocese de São Paulo